Sobrevivência - 5 -

Escute.
Richard e seu povo são uns lunáticos. Escute, se eles falarem que está tudo bem, não acredite neles.
Se eles falarem que estamos a ponto de morrer, então... Bom, aí você deve acreditar neles.
Escute, eles são um bando de loucos que querem passar por tudo isso sozinhos, pra depois chegar até a cidade mais próxima e se declararem de Heróis, Deuses, eles querem ser louvados. Não acredite neles, em nada.
Precisamos de ajuda, e imediatamente. Não podemos usar nossos telefones, não tem sinal. Não podemos fazer nada, mas eu tenho quase certeza que ainda estamos em algum lugar no norte do Alasca, então se alguém, qualquer um, puder vir nos ajudar, eu agradeço. Por favor. Avise também pra todos que você conheça, nós queremos ser salvos. Dominick e eu fomos até a gruta deles, e então, -usando um pouco de força, infelizmente, - Dominick teve de arrancar o notebook daqueles imbecis. O motivo? Queremos que vocês saibam da verdade. nós temos a verdade. Eles querem apodrecer aqui. Querem viver de salmão e água do mar, provavelmente. Idiotas, idiotas, idiotas ! Eu e Dominick estamos reunindo os escombros do avião para formar a palavra "Socorro", assim qualquer pessoa com uma visão aérea poderá saber de nossa situação...Eu não acredito que isso vá dar certo.. Não custa tentar. Porque não comunicar a polícia pela internet, você diz? Tente usar um notebook que sobreviveu a queda de um avião. Eu já sou eternamente agradecido por parte do teclado estar funcionando... O problema é que só restam duas horas de bateria. Entrarei no máximo uma hora por dia. E não tenho mais tempo por hoje.

Local: Não sei.....mas talvez fique em algum lugar por perto. É impossível definir.

Paul Wright.

Sobrevivência - 4 -

Já estamos no fim do terceiro dia. Nem parece que fazem três dias, parecem horas. Santo cristo.
Hoje Richard e Luc foram verificar as árvores e realmente tem alguma espécie de floresta por ali. Densa, - segundo eles -, mas com um certo cuidado podemos passar por ela. Retornaram cansados e com sede, aproveitando da própria água do mar na chegada. Não temos muitas novidades... Fora o fato de que não temos nada pra comer, é claro. Passei o dia apenas com Peter e Kristin. Kristin é uma moça adorável e Peter é inteligente, embora seja muito novo. Eu diria que até mais inteligente que Luc, que é seu irmão mais velho.
De qualquer forma, hoje foi um dia calmo, devo me sentir feliz por isso. Vou me desconectar rapidamente, Dominick apareceu e quer falar comigo. Amanhã tentaremos passar pela floresta.

Sobrevivência - 3 -

Sou Joseph Thompson. Vou estar escrevendo no lugar de Richard durante algum tempo.... Ele anda mais ocupado do que eu. Bom.... Primeiramente eu gostaria de pedir ajuda. mas não temos telefones nem nada do tipo.
Então.... O grupo durante a noite de ontem foi em busca de um abrigo. Achamos uma espécie de gruta na base de uma das montanhas daqui. Richard já lhes disse? O lugar tem montanhas por toda parte. Do lado oposto o mar. O tentamos atravessar as montanhas ou ficarmos presos pra sempre. Também tem a possibilidade de irmos pelo mar, mas não creio que seja mais fácil... Enfim, voltando ao assunto.
Achamos a gruta. Muito pequena, por sinal. Na verdade, a gruta em si é enorme. mas a quantidade de estalactites e estalagmites fazem com que ocupemos pouca parte dela. Apenas o suficiente pra que todos se esquentem um pouco mais.
Dominick trouxe um pouco da água do oceano junto de dois salmões que havia pescado. A água seria usado apenas por pessoas com muita sede e os salmões provavelmente não seriam tocados sem ter nenhuma fogueira para assá-los. Ele surpreendeu a todos, -e que agradável surpresa-, quando mostrou o isqueiro em sua mão e jogou alguns gravetos de algumas árvores que encontrara para o oeste.
levou os gravetos para mais dentro da gruta e fez assim a fogueira, assando os dois salmões. Deixou para o resto do grupo apenas um, enquanto comia um sozinho e ia embora. Parece ter achado algum lugar melhor para passar o dia do que ali. Paul decidiu ir com ele.
Na gruta, restam apenas eu, Richard, Luc, Peter e Kristin. Kristin parecia ter se dado bem com Peter, visto que gostava de crianças, já admitira isso na noite anterior.
Richard disse que ia procurar as árvores ao oeste amanhã, pode ter alguma floresta pra facilitar a passagem ou algo do tipo. Luc vai ir com ele, tenho certeza que vai ser mais útil do que eu, que sou apenas um velho fazendo o favor de relatar essa tragédia, que por pior que possa ser, passou a unir várias pessoas diferentes em um mesmo lugar. Na verdade, estou vendo que é um começo de uma experiência bem interessante.
Boa noite. E na verdade não há motivo pra se preocupar conosco, do jeito que tudo está acontecendo, tudo vai acabar bem.

Viagem - 2 -

Precisamos de ajuda.
Nós moramos em Alasca e estávamos dentro do avião, quando uma forte turbulência ocorreu, assustando todos que estavam no avião. A viagem não tinha durado nem 30 minutos quando o avião passa em meio a nuvens, de forma com que eu não conseguia enxergar nada.
E então começou a descer.
Não foi a primeira vez que viajei de avião e sabia que isso não era comum.
Pensei que depois de um tempo o avião se estabilizaria, mas isso não aconteceu. as máscaras saltaram diante do nosso rosto e a coloquei sobre o rosto de Peter, abraçando-o com um braço e agarrando meu notebook com outro.
Caiu.
Não ouvi ou vi mais nada, Simplesmente apaguei. Acordei sentindo uma forte pressão sobre a minha perna. Sentindo frio. Sentindo algo me puxando para fora daquele monte de metal que o avião se tornara. Não sabia para onde olhar.  Olhei para cima e via o céu, esticava um pouco mais a cabeça pra ver quem estava me puxando para fora dos escombros e vi o rosto de Luc. Ainda bem.
- E Peter?
- Ele está conosco pai, consegue andar?
Estamos todos vivos, ainda bem. Ainda bem....
Eu me levantava lentamente, era um milagre ter saído dali apenas com alguns arranhões. Logo via Peter correndo até mim e dando um abraço. Olhei para Luc e perguntei sobre Marcelo. Foi quando vi a roupa de Luc completamente manchada de sangue. O silêncio dele esclareceu tudo para mim. Apenas eu, eles e um bando de estranhos.
Foi quando eu olhei ao redor. Não havíamos saído do Alasca. mas por pouco. O avião caiu um pouco antes do Oceano pacífico. O Clima eu conhecia bem, clima típico do norte do Alasca. Frio, escuro. Mas não solitário, não dessa vez. No fim da tarde eu havia conseguido reunir todo mundo, formando um grande grupo para que pudessem se apresentar, dizer a idade e a profissão. Um médico seria mais importante do que um escritor naquela situação, eu imagino.
O primeiro a se apresentar foi Paul. Seu terno todo sujo de sangue, assim como a roupa de Luc. 27 anos, Advogado. Não parecia ser má pessoa, mas ainda estava em estado de choque e mal conseguia responder as minhas perguntas.
Depois veio a Kristin, 19 anos, estudante de psicologia. Tinha parentes no avião e no Brasil. Estava chorando e me respondeu o mais rápido que pôde.
Tinha Dominick. É um tipo forte, o dobro do meu tamanho. O nome dele foi a única das perguntas que ele respondeu antes de se afastar do grupo pra procurar algo pra comer. Certamente não é o mais simpático.
E por último Joseph, 43 anos. Escritor. De longe pareceu o mais simpático. Conversava com todos e não pareceu muito abalado, sempre que chegavam até ele, ele respondia:
- Tudo vai acabar bem, sei disso.
Ao ser questionado sobre como ele sabia, ele dizia "Apenas sei." De fato é bem confiante.
Perguntou o que eu fazia do lado ao Notebook. Ao saber se ofereceu para escrever pra mim enquanto eu "cuidava do rebanho." Ele trabalhava com isso, afinal. E teria algo pra fazer enquanto eu ajudava os outros, incluindo meus filhos. Penso a dar o direito dele de escrever por enquanto. até as coisas se acalmarem mais.
Bom, de qualquer modo já está de noite. Iremos procurar algum lugar por entre as montanhas que dê para usar como abrigo. Se tivermos sorte até uma caverna... Se tivermos muita sorte.
Mas eu repito:
Precisamos de ajuda.

Viagem - 1 -

Bom dia. É isso...
Tenho 35 Anos, dois filhos: Luc e Peter. 18 e 15 anos, respectivamente. Todos os filhos da mesma mulher.
Louise Hall. Ou melhor, agora é Louise Carter. Nossa vida havia sido perfeita, tínhamos a família dos sonhos, se ela não tivesse decidido se divorciar.
Tudo bem, tudo bem que tivemos alguns problemas no passado mas...
Bom, isso não importa. Não foi pra isso que criei esse... esse... Diário.
Consegui reunir meus filhos durante essas férias e então eu lhes disse sobre o que havia planejado: Uma viagem á amazônia. Já havia até mesmo contatado um guia, partiriamos hoje mesmo.
Luc não gostou muito da ideia do começo. Com o tempo ele vai gostar, vai ser bom viver uma aventura com meus dois filhos e... nossa, como eles estão maiores do que da última vez.
De qualquer forma, Peter já mostrou bastante interesse na viagem.
E então chegamos aonde estamos agora: O aeroporto.
Exatamente, estamos no aeroporto aguardando o nosso voo, - deve estar tudo pronto em breve, o voo está marcado para 15:30 -.
Eu, meus dois filhos e o nosso guia que já se encontra conosco: Marcelo.
Então. Quando chegarmos em Manaus. (Para lá partirmos até uma vila próxima da amazônia, como combinado.) volto a escrever aqui.